Tudo
corria normalmente até que chegou o dia 15 de junho
de 1931.
Perdera-se
um boi pelos pastos. Albertina o procura a pedido dos
pais. Anda de cá para lá, olha, chama pelo
"Pintado", mas nada! De longe, Maneco Palhoça,
que rumina dentro de si o plano de conquistar a menina
para seus intentos eróticos, acompanha-a com o
olhar e estuda como se aproximar dela e fazer-lhe a proposta.
Albertina,
apesar de seus 12 anos, aparentava mais idade e tinha
um corpo já bastante desenvolvido. Era alta e forte,
acostumada ao sol e aos trabalhos da roça. Tinha
cabelos louros tendendo ao castanho, olhos verde-escuros.
Era bonita, uma mocinha. Como não desejá-la?
Maneco
andava armado de punhal. Jurara que haveria de usá-lo
no dia da festa do padroeiro, 21 de junho. Acabaria com
a vida de dois desafetos. Hoje, porém, não
o traz à cintura. Carrega um canivete tão
bem afiado que corta os cabelos do braço como uma
navalha. Aquele punhal, era preciso escondê-lo por
ser velho conhecido dos moradores de São Luís.
Poderia denunciá-lo... Em vez do punhal usaria
o canivete. Quem sabia da existência dele?...
Albertina procura o boi fugitivo. De repente vê
ao longe alguns chifres e corre naquela direção.
Mas eram outros bois, que estavam amarrados. Como surpresa,
porém, encontra perto deles Maneco carregando feijão
na carroça. À pergunta de Albertina pelo
boi desaparecido, o homem lhe dá uma pista falsa
para encaminhá-la ao lugar onde poderia satisfazer
seus desejos sem chamar atenção.
Maneco
que já tinha violentado outra menina, disse naquela
manhã: - Hoje tenho que matar alguém! Pensou:
- Se Albertina não aceitar, vou usar o canivete...
Albertina
seguiu a indicação de Maneco, embrenhou-se
pela mata. Repentinamente percebe que os gravetos estalam,
as folhas farfalham... Ela pensa ser o boi. Eis, porém,
que, dá de cara com Maneco. Fica petrificada. Sozinha,
no mato, com aquele homem na frente!
Ainda
naquela manhã ela levara comida a seus filhos,
como fazia sempre. Havia certa familiaridade entre Albertina
e Maneco: ela o chamava de "Maneco preto", como
todo mundo, sem que ele se ofendesse.
Chegara
o momento supremo! Maneco lhe propõe seus intentos.
Albertina, decidida, não aceita. Sabe o que é
o pecado e o recusa perentoriamente. Começa então
a tentativa do assassino de se apossar de Albertina, mas
ela não se deixa subjugar. A menina é forte.
Aos pontapés, quase derruba o assassino. A luta
é longa e terrível. Ela não cede.
Derrubada, por fim, ao chão, agora está
toda nas mãos do agressor. Ainda assim, defende-se,
agarra seu vestido e se cobre o mais que pode.
Maneco,
derrotado moralmente pela menina, vinga-se, agarra-a pelos
cabelos e afunda o canivete no pescoço e a degola.
Está
morta Albertina! Seu corpo está manchado de sangue...
Sua pureza e virgindade, porém, estão intactas.